Salário é um tema que sempre desperta interesse nas pessoas, sobretudo quando querem saber sobre o quanto estão sendo bem pagas, ou não, pelo que fazem. Além da curiosidade em identificar se o que elas ganhando está compatível com o que o mercado paga. Entretanto, abordar esse tema no trabalho não é fácil. Seja para esclarecer uma dúvida sobre critérios da política salarial, ou pedir um aumento de salário.
O assunto ainda está dentro de uma caixa preta e abrir essa “caixa preta” nem sempre é muito fácil. Falta transparência. É possível elencar vários motivos para esse fato, como, por exemplo, o receio da empresa em expor informações sobre os custos com folha de pagamento. Custos com salários são relevantes em qualquer tipo de negócio e as empresas não gostam muito de compartilhar essas informações, principalmente num ambiente de negócios competitivo, como o que vivenciamos na atualidade. Outro receio, infundado, na minha opinião, é aquele que se todos conhecerem a tabela salarial da empresa poderá ocorrer algum tipo de reivindicação, ou conflito.
Outro fator diz respeito às diferenças salariais existentes na empresa, que fazem parte da dinâmica organizacional. Essas diferenças se dão pela evolução do desempenho das pessoas, tempo que o colaborador está no cargo e ou na empresa, níveis de responsabilidade e complexidade diferentes entre os cargos.
Além desses fatores, muitas empresas ainda não tem um plano de cargos e salários que estabeleça regras claras para promoções e aumentos de mérito; trilhas de encarreiramento estruturadas, isto é, os caminhos que o colaborador poderá percorrer dentro da organização à medida que desenvolve suas competências e amadurece profissionalmente. Some-se a esses fatores, o despreparo dos gestores em lidar com o assunto, principalmente quando o colaborador tem alguma dúvida, ou um questionamento sobre o seu salário. Os próprios gestores também têm dúvidas sobre a aplicação da política salarial da empresa e de seus critérios, ou se sentem inseguros quando questionados pelos seus colaboradores.
E é nesse momento que o clima na empresa começa a “azedar”. As pessoas não sabem quais são as regras em relação a evolução salarial, questionam os seus gestores e esses não sabem responder. O caldo de cultura para a fofoca de corredor e os boatos está pronto!
Como reverter esse quadro? Penso que é preciso agir com maior transparência em relação a política salarial, explicando para as pessoas quais os critérios para promoção, aumento de mérito. Caso a empresa não tenha um plano de cargos e salários, é importante implementá-lo. Não se trata de escancarar a folha de pagamento da empresa, mas explicar conceitos e critérios para que as pessoas entendam como elas poderão evoluir no cargo que ocupam do ponto de vista salarial e quais trilhas de carreira poderão seguir, de acordo com o desenvolvimento de suas competências.
O mundo está passando por rápidas transformações e questões como diversidade, inclusão e respeito estão na ordem do dia. Basta lembrar da aprovação recente da lei de equidade salarial entre homens e mulheres. Por isso é que as empresas terão que adotar uma nova forma de tratar o tema salário.